Chega uma certa idade em que os pais começam a ficar mais dependentes dos filhos. A idade avança e as doenças aparecem e roubam suas mobilidades físicas e cognitivas. É quando, então, chega a vez dos filhos se tornarem pais.

Entretanto, existe um longo caminho até essa inversão de papéis. É quando os filhos estão crescidos, estabilizados e formados emocionalmente. Então, nada mais justo do que dar o suporte a quem tanto nos cuidou.

Até lá é preciso que os pais não invertam os papéis antecipadamente. É importante sobrepujar o egoísmo e a imaturidade e entender que ser pai ou mãe é assumir uma responsabilidade incondicional para o resto da vida. De cuidado, zelo e proteção, evitando ser aqueles tipos de pais que:

1- Jogam a dor dos seus traumas para os filhos

São pais que tiveram uma infância difícil e passam a vida no papel de vítima contando para os filhos tudo o que eles sofreram ou não tiverem, tanto materialmente quanto afetivamente. Muitos ainda exigem que seus filhos sejam gratos por terem mais mesmo que ainda seja pouco.

2- Querem atenção dos filhos, em vez de dar.

São os pais que querem ser ouvidos, mas não sabem ouvir. Querem ser procurados, mas não se acham impelidos a procurar nem pelo instinto paternal ou maternal de querer saber como os filhos estão. Querem ser amados, mas são incapazes de dar carinho.

3- Expõe suas fragilidades buscando conforto.

São pais que não se intimidam em dividir seus problemas e angústias com alguém tão limitado de entendimento quanto uma criança. Choram suas mágoas, lamentam suas frustrações e reclamam do cônjuge jogando nas frágeis costas infantis um peso emocional muito maior do que são capazes de carregar.

4- Querem ser sustentados, em vez de prover.

São pais que enxergam nos filhos uma oportunidade de ganhar dinheiro. Às vezes, usam os pequeninos como forma de remuneração colocando-os para fazer trabalhos que corrompem suas limitações e natureza infantil. Chega a ser cruel. Outros pais transformam sustento em dívida e contabilizam tudo que gastaram com o filho para cobrá-los mais tarde.

5- Tratam os filhos como empregados

São pais que não se sentem confortáveis em fazer nada para o filho. Tratam os filhos como pequenos funcionários que devem parar com suas brincadeiras para realizar as vontades dos pais. Sofrem em se dedicarem a quem tanto precisa de cuidados. Não aceitam que não são mais filhos e que devem prover estrutura e afeto para os seus.

Estes pais são, geralmente, narcisistas em sua incapacidade de ter empatia pelo filho. Seus corações não conseguem entender que ser pai e mãe é ser porto seguro e não o contrário. É claro que um filho pode ser amigo e dar colo aos seus pais. Mas numa clara, momentânea e consentida inversão de papéis quando eles já tem capacidade emocional para assumir essa função. Caso contrário, a criança sente-se impotente, anulada, desmerecida, e muito solitária, o que afeta drasticamente sua autoestima tornando-o um adulto inseguro e com uma constante sensação de inadequação.

Os filhos precisam de pais fortes para crescerem fortes.

Por isso, bons pais trancam o choro na frente de seus pequeninos, quando possível. Não dividem problemas que as crianças não são capazes de entender e muito menos de resolver, porque isso só as fere por sua impotência diante da dor daquelas pessoas que são as mais importantes da vida dela.

Toda criança tem seu tempo de maturação. E ele deve ser rigidamente respeitado, se quisermos criar filhos equilibrados emocionalmente. Afinal, optar por ser pai e mãe é escolher ser 100% doação. Tudo que um filho nos der de volta, é lucro e não obrigação.

E o mais recompensador é o olhar de orgulho de um filho por nosso empenho em ser, mesmo que imperfeitamente, os seus verdadeiros heróis sem jamais exigir nada em troca.

Porque o instinto de amor de um pai e uma mãe é esse: segurar a mão do seu filho por um tempo e o coração para sempre.

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